A Dessimbolização e seus Efeitos na Ordem Democrática - parte 11






A dessimbolização é um fenômeno complexo que redefine a relação entre indivíduos e o simbólico, afetando profundamente o tecido social e político. Com o enfraquecimento do simbólico, valores e limites que antes orientavam a conduta humana perdem sua força normativa. A lei, que deveria ser um baluarte contra o caos e a arbitrariedade, torna-se uma construção imaginária, moldada pelas projeções do sujeito paranoico. Neste contexto, as leis democráticas e os valores comuns são ignorados em favor de imaginários egoístas e empobrecidos, onde a ética e a justiça são definidas conforme os interesses particulares do indivíduo.

O impacto no laço social e na ordem democrática é significativo. Segundo a perspectiva psicanalítica, os discursos que sustentam o laço social são fundamentais para a manutenção da ordem democrática, pois operam através de limites que regulam o gozo individual. A ausência desses limites leva o sujeito psicótico a rejeitar o laço social, tornando-se uma ameaça à coesão social e ao funcionamento democrático. Eleitores psicóticos não apenas emitem discursos pulverizantes e virulentos, mas também desconstroem significações e conexões simbólicas essenciais para a compreensão e o respeito mútuo.

O estilo psicótico, paradoxalmente, encontra uma certa consonância com o progresso capitalista ao questionar a viabilidade do laço social como guardião da lei e do amor. Este estilo crítico adota uma postura rígida e uma identificação imediata com ideais, mesmo que delirantes, exacerbando a fragmentação social e política. O eleitor psicótico interpreta a realidade de acordo com suas próprias certezas absolutas, recusando-se a considerar qualquer norma que não se alinhe com seu significante excepcional.

A onipotência internalizada pelo sujeito psicótico reflete-se na construção de uma realidade paralela, onde ele se coloca como o "Um" central, detentor do conhecimento absoluto e do poder decisório sobre o que é correto e justo. Essa postura não apenas demonstra uma ruptura com a realidade compartilhada, mas também estabelece um sistema social baseado em suas próprias determinações, ignorando os princípios democráticos de pluralidade e debate racional.

Em suma, a dessimbolização e a adesão ao estilo psicótico representam sérios desafios para a vida política e social contemporânea. Elas minam os fundamentos da democracia ao promover uma visão distorcida e egocêntrica da realidade, onde o individualismo extremado e a recusa aos limites normativos comprometem a convivência civilizada e a busca por um bem comum compartilhado.

 
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