Comportamento Eleitoral Sob a Lente da Dessimbolização e Idiosubjetivação - parte 10




 
A dessimbolização e a idiosubjetivação são conceitos cruciais para compreender como o comportamento eleitoral e político se molda em contextos contemporâneos. A dessimbolização explica por que indivíduos podem votar contra seus próprios interesses, como pessoas que dependem de políticas sociais votando em candidatos que promovem o fim dessas políticas. Isso ocorre porque a perda dos símbolos e limites sociais leva a uma realidade psicótica, onde as escolhas políticas são moldadas por projeções inconscientes e delirantes. Por exemplo, mulheres que se afirmam feministas podem optar por candidatos masculinos em vez de apoiar outras mulheres feministas, devido a complexas dinâmicas psicológicas de identificação e competição.

A psicose associada à dessimbolização se manifesta através de projeções inconscientes, onde o sujeito cria realidades paranoicas que influenciam suas interações pessoais e políticas. Delírios e alucinações são comuns nesse contexto, transformando sentimentos como inveja e ressentimento em ódio direcionado a grupos específicos. A eleição de Jair Bolsonaro no Brasil ilustra como a prevalência dessas dinâmicas pode influenciar um processo eleitoral. Eleitores foram seduzidos por certezas delirantes, como a ameaça comunista e a naturalização do machismo, em detrimento dos ganhos sociais reais e dos discursos de ódio evidentes.

A idiosubjetivação, por sua vez, promovida pelo neoliberalismo, fortalece o estilo paranoico de atuação política. Nesse contexto, a recusa aos limites da lei simbólica é comum, já que os indivíduos buscam um mundo onde suas pulsões não são restritas por normas sociais ou éticas. Isso os leva a integrar-se a grupos homogêneos que desconfiam de qualquer diferença, consolidando um ambiente político onde a desinformação e a certeza delirante são preferidas à realidade objetiva e à razão crítica.

Essas ideias sublinham como a dessimbolização e a idiosubjetivação afetam profundamente o comportamento político e social contemporâneo. Elas criam um terreno fértil para a polarização, o extremismo e a erosão das bases democráticas, onde as escolhas eleitorais são influenciadas por narrativas emocionais e ideológicas distorcidas, em vez de considerações racionais e informadas sobre os reais impactos das políticas propostas.
 
 
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