Libertarianismo e Dessimbolização: Desafios para a Democracia Moderna - parte 12




A dessimbolização do mundo reflete uma transformação subjetiva ampla, onde a perda dos valores simbólicos tradicionais desencadeia um ambiente propenso a interpretações paranóicas generalizadas. Este fenômeno não se restringe a uma patologia individual, mas permeia o tecido social, intensificado pela idiosubjetivação que favorece quadros mentais paranóicos e lógicas de atuação baseadas no medo e na desconfiança.

Os impactos da dessimbolização são profundos, especialmente em um contexto onde valores democráticos como verdade e liberdade são commoditizados e negociados. A erosão dos limites éticos e legais que antes regulavam as interações sociais permite a ascensão do libertarianismo econômico, que prioriza a liberdade de possuir em detrimento da igualdade e da solidariedade. Nesse cenário, surgem inimigos imaginários como os "esquerdistas" e a "ameaça comunista", que servem de bode expiatório para canalizar o medo e a incerteza.

O libertarianismo e o individualismo exacerbados caracterizam essa era dessimbolizada, onde a liberdade se restringe ao âmbito econômico e a posse de bens é valorizada sobre os direitos coletivos. A dicotomia entre liberdade e igualdade torna-se uma disputa central, ignorando a possibilidade de conciliação entre esses valores complementares. Valores cristãos como solidariedade e caridade são suplantados pela "teologia da prosperidade", que transforma a fé em um investimento para o sucesso pessoal, distorcendo seu propósito original de redenção espiritual e serviço ao próximo.

A dessimbolização também facilita a disseminação e aceitação acrítica de fake news e teorias conspiratórias, minando a credibilidade dos processos democráticos ao substituir o debate informado por certezas delirantes. A demonização dos adversários políticos se torna comum, alimentando um ciclo de polarização e antagonismo que compromete a coesão social e a defesa dos direitos fundamentais. Esse ambiente de fantasia tóxica distorce a percepção da realidade para muitos indivíduos, levando-os a agir impulsivamente baseados em narrativas simplificadas e prejudiciais.

Em resumo, a dessimbolização generalizada representa um desafio profundo para a vida política, social e cultural contemporânea. Ao promover uma visão distorcida da realidade e enfraquecer os fundamentos da democracia e dos direitos humanos, ela incita uma crise de confiança e solidariedade, substituindo o diálogo construtivo por polarizações e conflitos que ameaçam a coesão social e o progresso democrático.

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