Ódio e Ignorância: Ferramentas de Dominação no Capitalismo - parte 07





A manipulação dos desejos e afetos, como amor, ódio e ignorância, é um elemento central nas estratégias populistas que criam uma distinção entre "nós" e "eles". Esses sentimentos formam uma "verdade subjetiva" que influencia a disputa política e molda a ação humana. A manipulação de tais afetos não apenas fortalece divisões, mas também direciona o comportamento e as emoções do público conforme os interesses dos que estão no poder.

A produção de verdades subjetivas emerge de desejos e afetos, que são fundamentais para a existência humana e surgem de processos contextuais. No modelo neoliberal, existem duas "verdades objetivas": a mais-valia e a produção dos desejos e afetos, como o desejo de consumir. Esse modelo aproveita-se da criação dessas verdades subjetivas para manter e expandir o sistema econômico e social.

A idiosubjetivação no capitalismo se refere à criação e manipulação de paixões, especialmente ódio e ignorância. Esses sentimentos são especialmente úteis para um modelo de exploração que se baseia na concorrência e na busca ilimitada por lucros. Através dessa manipulação, o sistema capitalista consegue fomentar um ambiente de rivalidade e antagonismo que beneficia sua perpetuação.

O ódio e a agressividade são particularmente destacados na política e na sociedade. Esses sentimentos, ligados à pulsão de morte e à agressividade intrínseca dos seres humanos, são potencializados pelo capitalismo. Freud sugeriu que a agressividade é uma característica fundamental do ser humano, e o capitalismo explora essa agressividade para gerar lucros e manter a dominação.

No capitalismo, o ódio é usado como uma ferramenta para gerar lucros, transformando-o em uma mercadoria e legitimando a violência. O ódio torna-se uma paixão dominante na concorrência e nas relações humanas, com o outro sendo sempre visto como uma ameaça. Isso perpetua um ciclo de agressão e desconfiança que é benéfico para a manutenção do sistema capitalista.

Os afetos como amor e ódio estão estreitamente ligados e podem se transformar um no outro. Lacan descreveu essa combinação como "hainamoration" (amoródio), ilustrando como esses sentimentos podem se intercalar. Da mesma forma, ódio e ignorância se fundem em "ignoródio", uma combinação que é útil para a hegemonia capitalista, pois dificulta a solidariedade e demoniza o conhecimento.

Essas ideias mostram como o capitalismo manipula afetos e desejos para manter a dominação e a exploração. Ao utilizar o ódio e a ignorância, o sistema capitalista perpetua a desigualdade e torna a resistência mais difícil, pois enfraquece os laços de solidariedade e marginaliza aqueles que buscam conhecimento e reflexão crítica.


 
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